terça-feira, 29 de abril de 2014

Cuba, PARTE 4



Cuba, PARTE IV


No dia seguinte tinhamos apenas que esperar a hora passar para irmos para uma outra cidade.
MATANZAS…
Iríamos para um jantar de natal na igreja do pastor Nicodemos, e iríamos passar o natal por lá tambem. .. No total foram seis noites e cinco días ali. Matanzas sim era uma cidade bonita! A cidade das pontes, dos romanticos, dos poetas, dos artistas. Lembrei da Grecia quando cheguei lá (falando assim até parece que conheço Grecia, Italia…hehehe, mas voces entenderam né? :P). Antesssss de chegarmos em Matanzas resolvemos passar o tempo em Havana Vieja (de novo). No caminho (eu to com um leve sorriso no rosto, hehe) meu colega viu um homem mexendo no lixo e fomos atrás dele. Conversamos, convidamos ele para almocar com a gente, meu colega deu uma camisa para ele de presente de natal e seguimos nosso rumo…No caminho meu colega quis ver o preco de aluguel de quarto num casebre. Quando ele ia atravessando a rua para verificar isso eis que ele enchergou um velhinho. Bentidos os olhos do meu colega! J Esse velhinho vinha andando mais devagar que uma tartaruga. Como eu quería demonstrar o jeito que ele tava andando. Gente, era mais devagar que uma tartaruga mesmo! E o bichinho, coitado, andava todo desequilibrado. Tadinho, tinha acado de cair, e pelo visto estava quase levando o próximo tombo. Meu colega resolveu pagar um taxi para ele poder chegar em casa. Imagina que ele quería ir de onibus! Nao podía nem se mecher! Os taxis todos cheios. Paramos um côcotaxi (bem turístico e onde nós nunca andamos para nao gastar dinheiro à toa, hehehe) e ele foi para sua casa. Nós seguimos para Havana Vieja. Até que meu colega novamente usa seus olhos para enchergar mais além. No primeiro dia de reconhecimento da cidade nós entramos numa igreja católica, bem rápidamente. Pois bem, foi na janela de uma sala dessa igreja que encontramos mais um grande presente de Deus. Era a festa de confraternizacao das criancas com Sindrome de Dow (a igreja tem um trabalho de 15 anos com eles) e nós chegamos “bem” na hora. Nao sabia como era gostoso ser abraçada por pessoas tao especiais como as que encontrei naquela saleta, foi uma enxurrada de abraços e boas-vindas, J. Lá tinha um irmao de uma das menina especiais que mora no Brasil. Morou oito ano no RJ e agora mora com a esposa (tambem cubana) na Bahia.
Foi um tempo muito gostoso. Dancei tanto com aquelas criancas e jovens. Tive mais uma aula de salsa, agora vinda de uma moça de 27 anos, com a síndrome. Ela estava super feliz. Era uma festa linda.
Eu nao tinha o direito de estar ali. Eu nao tive a mençao de estar ali. Eu nao merecía estar ali…Eu nao havia sido convidada – de forma anticipada- a estar ali.
Deus disse: “Tire as sandalias dos seus pés…”
Tirei as sandalias…Eu estava no meu primeiro solo sagrado!
Mais um dia de Graça…
Passamos a tarde lá – era o que queriamos, passar o tempo- esquecemos Havana Vieja e as coisas “turisticas”. Voltamos e viajamos para Matanzas. Tinha uma festa de natal nos esperando…Uma festa de Natal numa igreja legalmente liberada para ser igreja.
Ficamos na mesa de um dos cinco cirurgioes mais importantes de Cuba –Dr. Lucas, sua esposa e cunhada e, tchararara!!! Hehe, Um oficial do governo!
A noite foi agradavel. Desfrutamos de uma comida super saborosa (aiiiinnn, lembrei de um doce que comi lá chamado Señorita, que bommmmmm que é aquilo!), que eles puderam fazer por causa de uma oferta de dois irmaos brasileiros que e enviaram uma oferta especial para aquela noite. O oficial do governo em certo momento me perguntou à quanto tempo eu estudava karatê. Eu estudo karatê????? Tudo bem, eu tambem nao entendi a pregunta, hehe. Nos deliciamos conversando com os cristaos. O Dr. Lucas é um apaixonado pelo Brasil. O amor dele pelo nosso país me emocionou. Fomos convidados a passar o natal na casa dele, a dormir naquela noite em sua casa, mas para isso ele teria que ter autorizacao oficial, portanto fomos aconselhados pelo Pr. Nicodemos a ficar numa casa de aluguel. Foi o que fizemos.

***

Cuba - PARTE 3

Cuba, Parte III

Misturei o primeiro dia com o ultimo né?
Hihi, Eu falei que eu nao tava conseguindo traduzir em palavras os pensamentos soltos e tantos que tenho dessa viagem…Por favor, tenham paciencia! J
Voltando ao passeio…só para voces saberem (depois vejam o video das fotos) a primeira impressao que tive (depois tive outras – a gente vai se acostumando e o que viu da primeira vez já nao é a mesma coisa) era que Havana tinha tudo para ser linda, mas era tudo feio. As arquiteturas abandonadas, velhas…lembrei daquelas cidades que a gente vë em filmes, sabe? Cidade fantasma, construçoes abandonadas, carros antigos, velhos. Parado.
Cuba tem seus encantos. Entre Havana há ruazinhas cheias de turistas de todo o mundo. Essas ruazinhas lembram aquelas ruazinhas da Italia…Parei na janela de um restaurante e fiquei observando, escutando a música linda que eles estavam tocando, e logo ali, as lagrimas comecaram. Lá estava eu chorando por pensar nas pessoas que eu iria conhecer e que talvez eu nunca mais teria, veria…boba!
Nao quero mais falar das pedras mortas. Eu quero falar das pedras VIVAS…
Nesse dia conhecemos um pastor que mudou o roteiro da nossa viagem.
Ele tinha uma reuniao (que só soubemos mais tarde o que ela siginificava –falerei disso em outro momento) e nao pudemos saber quem ele era, QUEM ELE É! Ele estava na primeira posiçao de uma indicacao de varias igrejas à visitar. Fomos lá sem muitas pretensoes. Almocamos em sua casa, conhecemos rápidamente sua familia, alguns membros de sua igreja, a igreja…Eu tinha alguns nomes de crentes e cidades para conhecer. Pinar del Rio era o nome de um lugar onde eu teria que entregar uma encomenda; Las Tunas era onde eu tinha que encontrar um certo amigo de uma amiga. Pois bem, eu conto e você se encarega de ver Papai entrelaçando tudo tá? J.
Em Pinar del Rio morava os pais da esposa do Pastor onde estavamos almocando, e em las Tunas estava a familia do Pastor. O rapaz que eu tinha que conhecer por amor à minha amiga carioca, era da familia do pastor (eles ligaram para o rapaz e pude falar com ele, já sabendo que seria imposible ir visitá-lo). Pinar del Río foi o lugar mais devastado pelo furacao. Ninguem vai para lá. Turista que é turista vai para Viñales ver as cavernas, as montanhas e blá blá blá…Las Tunas ficava a nove horas de Havana (veja no Mapa). Meu companheiro de viagem achou melhor nao nos comprometermos com nenhuma das duas. Era muito cedo para ir a um lugar nao turisco e muito tempo para ir à Las Tunas…De qualquer forma eu peguei o endereco e telefone do pastor Salomón (de Pinar del Río) e do Juancito (en Las Tunas). E assim essas duas cidades ficaram num futuro longe de esperanças…
Foi curto o tempo na casa do Pastor Daniel. O vimos por minutos (por causa de sua reuniao). Durante o almoçoco conversamos com a cunhada do pastor Daniel sobre as algumas dificuldades que os cubanos tem, algunas histórias e fomos embora. Tivemos o convite do líder de louvor para irmos ver o ensaio deles no dia seguinte. Era uma igreja “grande” (para as proporçoes cubanas). Cheia de tecnologías, instrumentos, materiais…Eu brincava que era a Lagoinha de Cuba…
Aquela era uma igreja perseguida??? Era uma igreja que precisava de ajuda???
Tiramos varias fotos da igreja, as quais apagamos todas para evitar perguntas na hora de devolver a camera (ah, o dono da casa de aluguel, o Omar, nos emprestou uma)…
No dia seguinte fomos ao encontro de uma moça que conhecemos no onibus no dia anterior (ela nos ajudou a achar a rua da igreja) que tinha nos convidado para almocar na sua casa. Chegamos dez minutos atrasados (do tempo de tolerancia, hehe). Nao sei se ela foi, mas nesse dia nós andamos muito na volta para casa – ao cegar em casa eu coloquei meus pés na água quente e tinhamos ainda o convite do irmao- estavamos mortos. Hehehe, mas resolvemos orar, e na oracao meu irmao, minha irma, Deus falou conosco. Nao estavamos em Cuba para descansarmos, e desde esse dia foi exatamente isso que a gente NAO FEZ. A gente nao descansou, nao relaxou, nao perdeu uma só oportunidade. Fomos, chegamos minutos antes de eles entrarem na van e irem para a festa na casa de um dos membros do louvor. O cara toca muitooooo aquele instrumento que o Jö Soares acha que toca (aquele tamborzinho)! Era uma festa cheia de comes e bebes (dentro do que pode ser comes e bebes em cuba), sorvete…salsa! Eu aprendi a dancar SALSA!!! Salsa cubana é a melhor (putz!!!). Nesta noite eu conversei com a Marlene. Ela me contou que morava numa casa alugada juntamente com seu esposo e que agora teria que sair, por que estava vencendo o tempo. Nao poderiam continuar ali por que alugar casas em cuba é ilegal, e as pessoas só alugam por um tempo, para nao dar muito na vista. O esposo dela tem familia nos EUA e tem a possibilidade de ir morar lá. Conversei com ela sobre ”alem do horizonte existir um lugar, bonito e tranquilo”. Choramos juntas. Se valeu o dia foi por poder olhar para essa irma (todo mundo tava fazendo alguma coisa, jogando video game, jogando dominó, dancando, conversando…) e dizer: “Estamos aquí por que amamos você. Se você nao pode ir até nós, entao nós viremos até você. Nada mais importa na nossa viagem se nao amar e estar com voces…”. Essa seria uma frase muito usada a partir dali.
Continuamos conversando, dancando, jogando…
Aqueles eram irmao perseguidos? Aquela igreja “merecía” alguma ajuda financeira?
Hipocritas!
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Cuba - PARTE 2

Segue a segunda parte do texto escrito em 2009:

PARTE II

Estar em Cuba foi mais que um presente vindo diretamente de Deus atraves de cada uma das pessoas que se deixaram ser usadas por Ele, atraves de suas ofertas e oracoes, pra que fosse real minha ida. Foi um PRIVILÉGIO!
Eu tenho tantas coisas para contar, mas desde que cheguei nao consegui ainda organizar as palavras da forma adequada para poder expressar tudo o que vi, vivi e cresci naquele país, com aqueles irmaos. Eu amo Cuba!
Foram trinta días inesqueciveis, onde eu pude constatar que em Cuba Deus se mostra de forma sobrenatural. Que povo forte gente! Que capacidade que eles tiveram em transformar suas lutas, suas dores em festa.
O povo cubano nao é nenhum pouco satisfeito com o que tem, mas como é Alegre!
Eles aprenderam o que muitos de nós ainda vai demorar para descrobir. Aprenderam a olhar de jeito certo para os sofrimentos, para a dor, para o limite. Eles nao deixaram que os sofrimentos impostos, que o limite imposto, que a dor imposta fizessem deles um povo infeliz. “ Se nao temos como mudar o fato de existir a dor, entao vamos vive-la do jeito certo…Vamos fazer do sofrimento uma forma de crescimento. De encarar as cicatrizes como marcas que existem, mas que nao sao o corpo.” O corpo é mais que a cicatriz. O momento da dor, o momento da dificuldade nao foi determinante, nao É determinante na vida dos cubanos que eu tive o privilegio de conhecer.
Cuba para mim era um país desconhecido…talvez feio, talvez cheio de gente “esperta”, “coitadinha”…Eu nao sei o que os turistas encontram em Cuba. Talvez cada um encontre aquilo que procura. Eu procuva vidas. Eu quería historias. Fui atrás da minha familia.
Eu pensei que depois de quase tres semanas de meu regreso eu nao teria mais lagrimas de saudades. Pois bem, meu coracao acabou de ficar apertadinho e os meus olhos já estao comecando a ficar marejados. Queridos, quando eu lembro de cada BOM pastor que eu conheci naquele lugar. De cada ovelha, de cada FILHO de Deus….
Cheguei e fui recebida por um pastor, o Nicodemos. O outro companheiro de viagem havia chegado algumas horas antes do Brasil e estava esperando juntamente com esse pastor. Ele nos levou para o lugar onde ficariamos em Hanana. O Pr Nicodemos nos foi recomendados por dois irmaos brasileiros. Ele foi muito atencioso e nos deu algumas dicas no nosso primeiro dia de viagem. Algumas delas foi: “Nao mencione o nome de seu ministerio aquí em Cuba, com ninguem, esse nome é proibido aquí e está na lista negra do Governo Cubano (dessa forma peco aos que comentarem que nao mencione o nome do meu ministerio aquí – para aqueles que sabem – para que, de alguma forma, nao aja nenhum tipo de problema ou dificuldade para eles, mesmo agora – lembre- se que a internet é uma via sem limites) e “Aja como turista. Nao deixe ninguem perceber o que voces realmente vieram fazer aqui”. Essas foram dicas que usaríamos durante nosso tempo ali.
No dia seguinte fomos fazer um breve reconhecimento da Capital. Fomos para Havana Vieja – a parte onde tiraríamos fotos se tivessemos levado uma camera! (acreditamm??????ahuahuahuahau). Descobri, em mais um lugar, como é BOM ser brasileira.
Como em Cuba tudo pertence ao governo, inclusive (principalmente?) os meios de comunicacao, na televisao cubana passam novelas brasileiras. Atualmente estao reprisando Mulheres Apaixonadas, Renascer (e quando eles pediam para eu contar o que ia acontecer em Renascer? Gente, eu tinha dez anos, ou menos quando eu vi essa novela!!! Eheheheh), e estava estreando äs dez das manha Forca de um Desejo (essa eu vi!!!hihihi). Cubano é apaixonado pelo Brasil por causa, principalmente, das novelas. O futebol tambem tem lá suas vantagens, mas novela é o carro forte tanto para mulheres como para homens.. Aproveite que voce é brasileiro e vá a Cuba, as portas dos sorrisos se abrem fácilmente para nós!
Na madrugada desse dia para o outro eu fui para sacada da casa onde eu estava hospedada. Lá estava eu, äs tres da manha sentindo a brisa fría tocando em meu rosto, debruçaada sobre o murinho da sacada e percenbendo que Havana, como – mas nao na mesma proporcao- Sao Paulo, nao dormía. Abaixo da casa funcionava uma padaria 24 horas. Volta e meia aparecia alguem para comprar pao. Está vívido na minha memoria a imagen que tive naquela madrugada. Tudo ali respira passado. Tudo parado…se fosse bonito seria como as cidadezinhas de minas gerais, ou o interior do Rio de Janeiro…mas nao, em Havana só o que é bonito é o povo. Tá, Havana é bonito, quando voce a encherga do jeito certo. O mais bonito naquela cidade para mim nao foram as pracas, ou o Hotel Nacional…o mais bonito eu encontrei entre os abandonos das ruas, com uma protese dentaria (dentadura) sem os dois dentes da frente (acho que estavam quebrados) que se mechia enquanto a boca pronunciava palavras –apenas palavras. Silvia…Silvia….de quem os pés eu calcei, de quem eu nao senti o cheiro dos pés nao-lavados a quem sabe quantos dias, em quem eu toquei. Quem eu nao conseguía olhar direito no comeco por que aquela dentadura mexendo me causava nausea (hehehe), mas com quem eu adorei passar um tempao conversando, de quem eu nao esqueci mesmo depois das viagens, de quem eu quis me despedir no meu ultimo dia…quem me arrancou lagrimas lá, no dia 11 de janeiro, e está arrancando lagrimas agora. Pedidos de oracao, ou apenas lembrancas em forma de pedidos, para que a noite nao esteja tao fría em Havana, para que ela consiga fumar seus cigarrinhos em paz, e para que suas conversas com relacao ä sua filha se torne, ao menos em seus sonhos naquele murinho de hotel, realidade. Que Deus a ame atraves de nós! Que vocë ame ä Deus atraves das Silvias que existem ai, na sua cidade, nas suas ruas…E que vocë possa querer ir a Cuba e tenha o privilegio de ir lá, conhecer a minha Silvia…
(Suspiro…)